quarta-feira, 28 de dezembro de 2011


Estamos sempre agindo na expectativa da reciprocidade, nossas relações estão baseadas no que o outro pode nos proporcionar, ou fazer por nós. Esperamos sempre que as pessoas mudem e ajam de uma forma que nos agrade, dentro de nossos moldes. Esperamos amar e ser correspondidos, vivemos na expectativa de demonstrações de carinho, amor, amizade, gratidão e além de amar e querer ser amados em troca, desejamos manifestações concretas desse amor. Infelizmente não encontramos sabor em relações desinteressadas, das quais não tiramos proveitos ou benefícios.
Nossas relações são inconsistentes, pois deixam de ser alicerçadas no amor, no conhecimento, no diálogo, para se fundamentar a partir de aparências, interesses individuais, aspectos exteriores e interesseiros. Vivemos sempre em busca do que o outro pode nos proporcionar e não procuramos conhecê-lo a fundo, descobrindo seus anseios, sonhos, expectativas, auxiliando-os em suas necessidades, pois o que prevalece para nós são nossos interesses pessoais, nossas ambições e nosso bem-estar.
Há uma escassez de atitudes de misericórdia, de bondade. Os bens materiais, os objetos, são considerados muitas vezes mais valiosos que uma amizade verdadeira ou até mesmo mais valiosos que uma pessoa. Falta estima pelo ser humano. O cuidado e a atenção das pessoas estão voltados para as coisas, para os adornos, a aparência, a posição social e econômica, e em muitos casos esses são os critérios principais para o estabelecimento de amizades e relações.
Vivemos em um mundo em que as pessoas enterram o que tem de melhor, seus sonhos, para buscar caminhos mais rápidos e fáceis, para a sua satisfação. Não sabemos esperar, não sabemos saborear os momentos, nem as pessoas que passam por nós, pois estamos sempre à procura de uma felicidade rápida e prática, do consumo exagerado e acumulo de bens. Nisso deixamos passar despercebido aos nossos olhos o que existe de melhor e mais concreto: as amizades verdadeiras, as experiências da busca da realização de ideais e anseios, a capacidade de sonhar, pois ao percorrermos a estrada que nos leva a realização dos nossos sonhos, adquirimos lições para toda vida e descobrimos grandes mistérios, que nos são revelados mediante a busca da concretização dos sonhos.
O bem viver torna mais tranqüilo o nosso coração, mais felizes nossos dias, mais radiante nosso sorriso, mais sincero nosso olhar, mais afável nosso abraço, mais verdadeiras e profundas nossas palavras, mais iluminado e leve o ambiente ao nosso redor, mais coloridas nossos dias, mais belos os rostos das pessoas, mais estreitos nossos laços de amizade, mais caloroso nosso apertar de mãos, mais carinhosas nossas saudações e mais lindas nossas manhãs.
O bem viver tira o peso do stress, das frustrações do fim do dia, pois quem vive bem procura sempre fazer o melhor, independente de ser ou não reconhecido. E o que age na expectativa de receber reconhecimento e elogios acaba se frustrando quando não é exaltado pelos seus feitos. Quando fazemos o bem simplesmente para que o bem seja feito ao chegar o fim do dia nos sentimos felizes e realizados, pois sabemos que doamos o que de melhor nós temos e mesmo se não formos reconhecidos isso não irá tirar de nós a satisfação pelo bem realizado, pois quando somos sinceros em nossas atitudes diárias e quando buscamos conquistar o que há de melhor e verdadeiro, deixando de lado o egoísmo, a ambição exagerada por objetos, bens materiais e reconhecimentos e passando a cultivar amizades sinceras (desinteressadas) e a saborear os momentos da vida, colocando Deus que é o grande e sublime amor em nossas relações, passamos, então, do existir para o bem viver. Onde tudo se torna mais belo, gratificante, saudável e verdadeiro. Com espinhos e tristezas, mas a certeza de que Deus está conosco e nos ajuda a superar todas as tribulações e contratempos.
(Fernanda Soares)

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